A importância de saber ouvir no ambiente de trabalho
Falamos muito aqui sobre liderança eficaz – e saber ouvir é sempre uma das principais características citadas. Esse tipo de audição efetiva agrega valor ao nosso desempenho não só no local de trabalho, mas também traz qualidade aos relacionamentos interpessoais em um âmbito geral. Assim como não é uma habilidade que cabe exclusivamente aos líderes, saber ouvir deve fazer parte do contexto de vida de cada um.
Mas ser um bom ouvinte envolve uma série de questões – veja o artigo a seguir e saiba mais sobre sua importância e como desenvolver essas habilidades.
Por que “saber ouvir” é importante?
Ser um bom ouvinte aumenta a capacidade das pessoas de atingirem seus objetivos. Isso se aplica tanto no âmbito profissional quanto no pessoal. É preciso apenas saber distinguir a maneira certa de saber ouvir a família, os amigos, os colegas de trabalho e superiores, entre outros.
Falando mais precisamente sobre o lado corporativo, saber ouvir torna o profissional mais competitivo. “Ouvir” corretamente o cenário geral permite tomadas de decisões mais acertadas, melhores práticas de trabalho e aproxima as metas do sucesso.
Para isso, é preciso ir além do que está sendo falado: expressões faciais e corporais, o que é dito nas entrelinhas, o comportamento do interlocutor e o ambiente.
Para saber ouvir, é essencial entender os diferentes tipos de ouvintes:
- Mau ouvinte: antecipa respostas, vem com ideias preconcebidas e muitas vezes não deixa o interlocutor se expressar;
- Ouvinte educado: escuta em silêncio – mas não está necessariamente ouvindo, concentrado naquilo que a outra pessoa está dizendo ou divaga para outras questões durante a conversa;
- Bom ouvinte: se concentra genuinamente em ouvir, faz perguntas inquisitivas e retoma o foco. Vamos nos aprofundar nestes pontos no próximo tópico.
Características de um bom ouvinte
A grande maioria das pessoas acredita que “saber ouvir” é a capacidade de absorver as palavras do outro, exatamente como elas são ditas.
Mas uma pesquisa da Zenger Folkman analisou o comportamento de cerca de três mil participantes em um programa de desenvolvimento voltado para gestores e identificou as principais características daqueles que se destacaram como ouvintes notáveis. Veja a seguir:
Saber se concentrar no que é expressado
Saber ouvir envolve bem mais do que apenas ouvir em silêncio o que outro está falando – isso é ser um ouvinte educado, como mencionamos anteriormente.
A pesquisa mostrou que aqueles que foram considerados os melhores ouvintes faziam pequenas interações estimulantes, de modo a provocar no interlocutor insights e novos pontos de vista.
Isso mostra que o ouvinte não só está ouvindo, mas prestando atenção e processando toda a informação, de forma a trabalhar os dados que possam contribuir para a conversa.
Fazer boas sugestões
Saber ouvir inclui também fazer boas sugestões, de forma construtiva. Em um ambiente de trabalho, é bastante comum ouvir queixas sobre como as pessoas se apressaram mais em dar uma solução ao problema e menos às melhores formas de solucionar a questão – os maus ouvintes.
Lembre-se: um bom diálogo pede interrupções – mesmo que sejam para retomar o foco da pauta em questão. Isso mostra que o ouvinte está de fato presente na conversa e preparado para contribuir.
Ser colaborativo – e não combativo
Os melhores ouvintes detectados na pesquisa também foram aqueles que souberam dar e absorver críticas de uma forma tranquila e madura.
É muito comum que as pessoas fiquem na defensiva quando escutam pontos negativos – o que já prejudica o próximo ponto desta lista.
Uma das principais características dos maus ouvintes é a adoção de um perfil combativo em diálogos desfavoráveis: dão mais atenção às falhas no raciocínio que à fala do interlocutor.
Lembre-se: o objetivo não é ganhar a discussão – mas sim promover uma, de forma saudável e positiva.
Proporcionar um ambiente seguro
Pessoas que sabem ouvir conseguem fazer de cada conversa uma experiência enriquecedora para a outra parte.
O bom ouvinte não é aquele que ouve passivamente ou levanta críticas, mas aquele que faz a outra pessoa se sentir acolhida e em um ambiente seguro, que permita discutir pontos críticos e problemas de uma maneira confortável.
Saber ouvir X empatia
Embora a empatia desempenhe um papel determinante dentro de uma empresa, ela não é de fato essencial no processo de saber ouvir de forma eficaz.
De acordo com o Jackson, a empatia ajuda a conhecer melhor o outro, a entender a história e o DNA psicológico de cada um. Ela deve estar presente nas relações entre subordinados, colegas e superiores, no atendimento ao cliente e venda, na atração de talentos e nos gerenciamentos de crise, mas é possível ser um bom ouvinte mesmo sem que haja empatia entre as partes.
Como desenvolver a capacidade de saber ouvir
Como você pode ver acima, ser um bom ouvinte é um processo delicado. Em um ambiente corporativo, pode ser ainda mais difícil.
Em um mundo de constantes distrações, sobrecarga de informações e a necessidade de atenção, ser um bom ouvinte requer dedicação e preparo.
Por isso trouxemos algumas dicas para desenvolver ou aprimorar sua habilidade de saber ouvir:
Fuja dos preconceitos
Uma das principais características do mau ouvinte é predeterminar questões e não dar espaço para a outra pessoa expressar ou concluir seu raciocínio. Para ser um bom ouvinte, é importante entrar na conversa preparado para receber dados – ou provocar o recebimento deles com perguntas assertivas.
Exercite sua concentração
Saber ouvir está conectado ao nível de atenção que você dá ao que está sendo dito. É importante treinar essa habilidade para tornar-se um bom ouvinte. Para isso, você pode investir em exercícios de meditação e yoga ou a técnica dos 20 segundos.
Pessoas interessadas em serem bons ouvintes devem se dedicar a um exercício mental focado em concentração: treinar a atenção com assuntos que habitualmente não são do seu interesse. Veja quanto tempo consegue manter-se focado e vá consistentemente aumentando com o tempo.
Explore os recursos do mindfulness
Como a meditação mindfulness é um dos recursos que podem ajudar no desenvolvimento da concentração vamos dar uma atenção especial a ela ,pois, embora seja um ótimo recurso ainda há muito preconceito principalmente porque pode estar associada a algumas filosofias ou religiões, atualmente há muitos estudos que comprovam sua eficácia.
Através da técnica você consegue se concentrar em algo com o propósito de perceber o que o distrai nele.Quão bem você se concentra não importa, pelo contrário, quanto mais distrações, mais oportunidades para praticar a atenção plena.
Da natureza dessas distrações, você pode se entender melhor e melhorar sua orientação em relação ao que é útil.
A meditação é um bom exercício nesse sentido, pois tem o poder de ajudá-lo a se concentrar e pode até mesmo ser usada como uma ferramenta para superar a procrastinação – se praticada de forma consistente, é claro.
Pode ser difícil acreditar que respirar profundamente e fechar os olhos por alguns minutos por dia pode realmente ter um efeito tão transformador em seu cérebro.Mas essa prática voltada para a atenção plena funciona de uma forma bastante eficaz, pois ela ajuda a reduzir o estresse, ampliar a capacidade de concentração e aumentar a felicidade.
Vale ressaltar que a meditação não é exatamente um estado de transe, onde sua mente está inteiramente em repouso. Quando suas capacidades mentais estão em um estado mais tranquilo e relaxado devido à meditação, você consegue concentrar toda sua atenção em um ponto – desde algo interno a um elemento externo, como o seu interlocutor. O mindfulness praticado desta maneira constitui-se em técnica importante na vida de quem quer saber ouvir.
Para entrar em uma rotina consistente de atenção plena, o ideal é estabelecer uma disciplina e meditar no mesmo horário todos os dias. Assim sua mente pode desenvolver uma rotina e começar a se preparar para a meditação à medida que o período do dia dedicado à tarefa se aproxima.
Comece devagar, com apenas cinco a dez minutos. Com o passar do tempo, você pode ir aumentando gradualmente para uma sessão de meditação cada vez mais extensa e profunda.
O que vai determinar o ritmo deste crescimento é o seu envolvimento, a cada momento em que você comece a entender a essência do mindfulness e observe seus resultados em seus níveis de concentração.
Vale ressaltar que não é porque você está meditando por um tempo mais curto no começo que não fará efeito e você não estará beneficiando sua capacidade de se concentrar melhor. Mesmo que sua rotina corrida não permita dedicar longos períodos do seu dia à prática, alguns minutos por dia já vão ajudar a elevar sua capacidade de concentração.
O começo poderá parecer complicado e possivelmente desafiador. Mas a resiliência com a prática e a paciência são fundamentais para colher todos os benefícios – do aumento de concentração ao fim da procrastinação – que a meditação pode trazer.
Pense que sua concentração é como um músculo de seu corpo: você tem que treinar para obter os melhores resultados e melhorar seu foco.
Ao praticar a habilidade de deixar as distrações entrarem e saírem sem perder o foco na tarefa, você vai saber se concentrar cada vez mais, o que é um fator fundamental para o desenvolvimento da competência “saber ouvir” e além disso vai beneficiar outras áreas de sua vida, ajudando você a ser um membro da família, amigo e profissional cada vez melhor.